quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pedagogia da autonomia adubando a educação rumo à cidadania

Por Giselle Stefanelli de Lima

Ao ler o livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, educador brasileiro que influenciou sem fronteiras; problematizar a dialética de pedagogia para com o outro, do direcionar-se mais para outro do que para mim, o doar-se, confrontar-se pelas inconveniências da prática docente, atrever-se, aliar-se aos estudantes, lutar, sonhar, respirar um ar de esperança, seguir em frente com ousadia; representam algumas formas de encarar a corruptível visão de educação que paira em nosso contexto atual, vítima de um sistema excludente capitalista sujeita a todo estrago neoliberal que elimina ao invés de acolher, que fragmenta ao invés de unir, que mata ao invés de salvar e que festeja o afogamento da educação em um mundo que suga ao invés de encher de dignidade.
Não há como investir no desenvolvimento sem investir na educação e na pesquisa, os dois formam um binômio que pelo rompimento da tensão superficial se unem inseparavelmente, quebram-se as ligações que os separam. Acontece que hoje no Brasil e no mundo a educação formal, não só ela, está sendo indevidamente utilizada para formar “robôs” mecanizados, altamente eficazes, qualificados para produzir sem erros, sem brechas, sem riscos de perda, acontece que o ser humano é de carne, sangra sabia? Tem mau cheiro também, tem cheiro bom, cheiro que nos traz prazer; já os robôs não são humanos, os humanos não devem ser robôs, muitos pensam: “- Isto eu já sabia!”. Sabia mesmo? Bem, não é o que parece. Quem é humano deve ir contra o limitante.
As instituições que realmente “investem” na educação, porém como forma de ascensão social à reitoria, à gestão em geral e status aos docentes ao invés de investir na essência educativa, sem dar voz efetiva aos discentes, é como uma máfia e o pior sem educação, pois não tem sentido um espaço educativo sem serem valorizados em sentido primordial, com voz e ação, sem sombra de dúvidas, os discentes. Sem desenvolver simplesmente o espaço do respeito como prática para início da educação o que acontece? Sem o respeito, sem a voz eminente, as tragédias tristemente assolam o território educativo, sendo que o sangue que deveria pulsar no coração e lançado sem voz ao chão.
A educação doente está formando doentes, formando robôs, secando o sangue que deveria aquecer, transportar e nutrir. É necessário resguardar na educação o viver amando, simplesmente amando, pois quem ama cuida e luta para evitar o adoecimento. A sociedade deve parar de ser cega e de acostumar-se com as tragédias, não as oriundas simplesmente da natureza que nos cinge, estas que são as respostas da natureza contra a natureza humana corruptível, esmagadora e destruidora. A tragédia que me refiro é ação antrópica deseducada que por vezes age em detrimento do próprio habitat natural, alastrando a destruição para o apagamento de sonhos. Ao apagar os sonhos o que se vê é a ausência da cidadania em um mundo gerido por minorias fartas e robotizadas.
Quando isto ocorre, penso: “- Seria melhor voltarmos à nudeza de como estávamos antes de chegarmos ao mundo para recomeçarmos tudo de novo”. Como? Não é fugindo que resolvemos e ainda não daria para retornarmos ao útero materno.  O ser humano é o único animal que pode salvar e matar racionalmente? Caso não for, com certeza é o único que tem a mente criminosa. É o único que destrói conscientemente o seu habitat natural, é o mais imundo dos seres e ao mesmo tempo um dos mais delirantes. Sei que muito posso estar equivocada, mas sei também que o mundo é equivocado, o mundo é egoísta quem será mais equivocado?
Com base em tudo do que apontei, acredito sem dúvidas que já passou da hora de se plantar as sementes presentes na Pedagogia da Autonomia amorosamente em nosso século, junto à natureza humana limitada, adubando a “Terra” para que as próximas plantas sejam mais sadias, não seguindo exemplos distorcidos, só assim os futuros habitantes deste planeta poderão ter a chance de serem cidadãos de verdade, pois hoje não existe cidadania plena, há muita terra, semente e adubo, mas a muita seca no poder. A educação formal, não-formal e informal e consequentemente a sociedade reprimida esperam na sede a estação da chuva com esperança.


Imagem disponível em: <http://excessivamentehumano.blogspot.com/2011/08/sementes-de-amor.html>.
Acesso em: 29/09/2011, ás 9:55.

REFERÊNCIA




FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 36 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 148 p.

O Preconceito Linguístico

 Por Amanda Piraino

         Nos relacionamos todos os dias com pessoas diferentes. Pessoas que nasceram no sudeste, no sul, no centro – oeste, norte e nordeste do Brasil e até mesmo fora do nosso país. Deparamo-nos com diferentes características físicas e emocionais. Quero abordar neste texto os diferentes sotaques regionais e a relação de preconceito existente com o erro da forma escrita e da fala diferenciada da cotidiana dos paulistanos. Trarei como exemplo o preconceito evidente e absurdo que alguns moradores da cidade de São Paulo têm em relação aos migrantes das regiões do norte e nordeste que vem para esta cidade em busca de melhor condição financeira e oportunidades de trabalho, como também da exclusão de pessoas por conta de seus erros ortográficos.
         No Brasil fala-se a língua portuguesa, decorrente do português de Portugal, porém o nosso país é muito diferente de Portugal, logo foram feitas adaptações á nossa língua de acordo com as características brasileiras. Nosso país é muito grande, temos 26 estados e um distrito (Distrito Federal), mais de 5500 cidades (fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1) e possuímos mais de 190 milhões de habitantes. Seria possível em todas as cidades falar a língua brasileira de forma igual? Sem contemplar as características regionais e culturais do ambiente e de seus moradores? Impossível.
         Pensando desta forma ficaria fácil compreender que as pessoas são influenciadas pelo meio em que vivem, por suas histórias de vida e cultura. Mas não é esse respeito que vemos todos os dias. Por São Paulo ser uma cidade mais desenvolvida não traz o direito de menosprezar as cidades esquecidas pelos seus governantes e até pelo seu país, por não fazerem parte do polo capitalista, não significa que estas não tenham sua importância para a história e desenvolvimento do Brasil.
         Mas porque é tão difícil entender e compreender que as pessoas vivem de formas diferentes e que podem ter maneiras únicas de se expressarem? Porque o que é diferente é difícil de ser aceito. O paulistano fala de uma forma e acredita que esta é a certa, principalmente vivendo em sua cidade natal, não admite novas formas de expressão. Não é porque vivemos em uma cidade que a forma de falar é a correta. O Brasil é um país livre e não é porque uma pessoa nasceu no nordeste que não pode vir á São Paulo buscar oportunidades que lá não tem. Falta na grande maioria da população, o respeito á diversidade e a aceitação de que todos nós somos seres humanos diferentes mas que falamos a mesma língua.
         O objetivo da língua é a comunicação e a interação social e todos nós falamos a língua portuguesa, mesmo que esta venha carregada de regionalidades e sotaques. Não podemos admitir o preconceito, discriminação e a chacota contra aqueles que se expressam de formas variadas. O Brasil têm tantos problemas para serem resolvidos com a união da população que não podemos deixar que este preconceito absurdo e sem fundamentos transcorra livremente pela sociedade.
         Além do preconceito linguístico, gostaria de trazer como exemplo a discriminação que sofrem pessoas que erram a ortografia. O nosso português é complexo e cheio de peculiaridades e algumas vezes escapam erros quando vamos escrever um bilhete, um texto, etc.
         Aceitamos quando é o nosso erro, mas não aceitamos quando é um erro do próximo. Principalmente se este próximo for mais humilde, desprovido das mesmas oportunidades que as outras pessoas, as que as criticam tiveram. Logo são taxados de preguiçosos, “burros” e que não aprendem porque não querem. Não é verdade. Isto é um pensamento egoísta. Ninguém está nesta condição, de pobreza, porque quer e agindo desta forma, discriminando, caçoando e humilhando a pessoa que errou, não irá aprender, pelo contrário, isto criará uma barreira emocional fazendo com que a pessoa não queira mais escrever para não sofrer mais exposição.
         É preciso sim reconhecer o erro, mas há diversas formas de abordá-lo e não só na fase adulta onde já foi concluído o ensino escolar, mas também nos primeiros anos da criança até o EJA. Errar é comum, não só na escrita como na fala. Mas não podemos por conta desses erros pontuar o sujeito de forma grosseira e superior, assim fazendo-o desgostar da nossa língua.
         Precisamos urgentemente reconhecer o outro como ser humano que têm suas necessidades e carências. Respeitar as diversidades para sermos respeitados como seres únicos que somos. Entendermos o outro como nós queremos ser entendidos também.
         A empatia é uma grande ferramenta para a construção do respeito ao outro, precisamos nos colocar na situação de quem discriminamos. É possível transformar o lugar em que vivemos em um ambiente pelo menos um pouco mais justo. 


Indicação de Livro: O Preconceito Linguístico, de Marcos Bagno 

Disponíovel em: <http://www.mundodse.com/2011/06/os-8-mitos-do-preconceito-linguistico.html>. Acesso em: 10/09/11

REFLEXÃO SOBRE O DOCUMENTÁRIO DE MILTON SANTOS

Disponpivel em: <http://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM>. Acesso em: 20/11/11.

Documentário: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá,
produzido pelo cineasta brasileiro Sílvio Tendler, em 2006.

 
Globalitarismo desumanizante

Por Giselle Stefanelli de Lima


              O que torna intrigante no documentário é saber da veracidade e atualidade de assuntos que ainda não foram “cicatrizados” na sociedade. Falar sobre o mundo que se vive hoje nos leva a remeter às cenas já passadas em outros tempos e contextos históricos que ainda se fazem muito presentes. A ferida encontra-se aberta sujeita a todo tipo de contaminação e infecção, as pessoais estão sujeitas a todo tipo de opressão.
O que muda são apenas os nomes mais “atualizados”, ou seja, não se fala mais de nazismo, fascismo..., mas se fala do “globalitarismo” que segundo Milton Santos é uma forma de apresentação de totalitarismo que como todas as outras formas “asfixiadoras” encontra-se com os seus dias contados para uma sociedade em rumo ao popular.
Hoje não se vê democracia de fato e a cidadania é utopia por enquanto, afinal não há espaço para a maioria da população brasileira nem se quer para garantir o suprimento de fatores básicos para vida, ou seja, comida, bebida, moradia, emprego, lazer, saúde, educação, segurança etc. Há uma paralisação na vida em sociedade.
A globalização como falam, como é e como pode vir a ser forma uma tríade interessante, o que mais se vê é uma globalização como consumo e o vir a ser ainda é um desafio. A ganância corrompe os direitos humanos, pois não combina com a distribuição, pois busca só para si nem sempre dando valor ao outro ser que tem os mesmos direitos. A ganância não “educada” no homem desenrola-se para uma condição crônica de difícil tratamento.
A privatização excessiva e “selvagem” reflete um ser egoísta ou pseudosolidário, sendo que esta condição absorve o reflexo da democracia. A maior parte da população ainda continua sendo invisível. O que é absurdo. A lógica financeira não tem nada haver com a solidariedade, pois na lógica o capital busca “semear e logo colher pronto” e o social busca “semear com esperança” frutos repletos de dignidade adubando-os com cidadania.
Hoje muito escuto e vejo pesquisas na área de Qualidade de Vida (QV), fui até convidada a participar de duas, porém acredito ser sem sentido mostrar o que já é óbvio. Na primeira vez me convidaram para iniciação científica, para eu iniciar como pesquisadora, em outra pesquisa do mesmo assunto outra pessoa me convidou para eu fazer parte da coleta de dados com inúmeras outras pessoas, aceitei e respondi ao questionário, ajudar não faz mal, o mal é que o resultado eu já sei qual vai ser. Grande pesquisa! Muitas vezes estes estudos são “ignorantes”, afinal não precisa fazer pesquisa quantitativa para enxergar o que já está na ponta do nariz. Quantificar não resolve o problema, deve-se agir. Muitos tentam anestesiar a pobreza, anestesiar a concorrência, anestesiar a desumanização, anestesiar a morte utilizando como fármaco o dinheiro e o status. Isto não resolve nada, apenas atrasa os bons resultados, proporcionando um efeito analgésico para a dor crônica, porém não cura o câncer e ele continua crescendo na sociedade. 
 Muitas vezes percebo que estes estudos são feitos para os pesquisadores conseguirem o título de Doutor(a), ou seja, o grau de doutorado. Realmente se tantos fazem, deve ser devido à falta de Qualidade de Vida, aplicam questionário, pegam alguns autores, fazem tabelas e "provam": não há Qualidade de Vida. Que descoberta! Que nível a Educação está! Agora para ser Doutor(a) ficou mais fácil, afinal muitos querem fazer na mesma área, a mesma "coisa", pensava que para ser Dr. e PhD tivesse que ter uma ideia mirabolante! O que muda é o grupo da "coleta de dados", mas o questionário é o mesmo. Estranho não ver muitos negros e indígenas pesquisadores, qual será o motivo, ou melhor, quais são os motivos? Eles fazem parte da "coleta" de dados? Ignorância "branca" com QI esdrúxulo.
Conclui com as minhas observações que só existe prisão devido existir ladrão, bandido, sequestrador, estuprador, corruptos etc; assim como só inventaram o questionário para QV devido ela não existir, isto já foi provado. Agora as minorias fartas que acham que possuem QV não enxergam que também são vítimas do sistema, algo acaba as cegando, as anestesiando, porém caso de um dia para a noite perdam tudo, muitos podem ficar perdidos, pois quem muito tem quando perde nem sempre sabe lidar com a cegueira da sociedade contemporânea, afinal o luxo ofusca a realidade excludente do capital. Como seria agradável a humanização do capital!
Deve-se ter esperança. Chegará uma hora que este sistema capitalista será insuportável e isto já está com pontos de manifestação. A melhor arma não é usar da violência, mas da manifestação que foca-se diretamente na mente humana. Os oprimidos já estão cansados de viver nesta condição geopolítica e econômica como sendo resumidos praticamente ao “nada”. O mundo se continuar assim será consumido por falências, mas ainda há esperança e para alguns o milagre.
Acredito ser muito fácil ignorar o invisível, porém ignorar o que é visível, ou seja, as pessoas e tudo o que a cercam, é no mínimo tolice e burrice. O Estado deve intervir na busca do equilíbrio para aniquilar a desigualdade, democratizando o capitalismo. Parece utopia e ainda o é. Quando isto mudará? Ninguém sabe, mas a história é dinâmica e ela tomará conta disso, pois quem faz história são os indivíduos e estes vivem em sociedade que juntos modificam mais cedo ou mais tarde um contexto histórico, geográfico, geopolítico, econômico, social e cultural.
Por fim, vivemos em um contexto certamente sombrio, a vida para muitos é doentia, porém há pessoas que lutam pela cura desta falta de consideração pela existência na Terra. É uma incongruência pensar que a Terra possa ser um dos únicos planetas com condições favoráveis para garantir a vida e que os que nela vivem muitas vezes querem extinguir sua manifestação e o pior até mesmo conscientemente. Neste caso não vive uma evolução, mas sim uma involução.
Este é o meu ponto de vista com relação ao documentário de Milton Santos, sendo a esperança como dizem a última que morre. A alfabetização geográfica neste contexto pode estar envolvida quando se busca contribuir para uma construção “crítica”, ou seja, ativa de uma sociedade mais coerente com a existência que ainda está presente e que ainda não foi totalmente extinta. A educação geográfica engloba diferentes contextos sociais que devem ser levados em conta na luta em favor de uma realidade geográfica compatível com a vida em nosso planeta onde ascensos e descensos fazem parte de nosso dinamismo.


Tecendo a História

TECENDO...


Disponível em: <http://serinteiroanotario.blogspot.com/2010_06_01_archive.html>.
Acesso em: 28/09/2011.


Somos como vários fios exclusivos e juntos expressamos a beleza das cores. A diversidade é a agulha que permite que lindos fios coloridos possam ser incluídos e tecerem a nossa História. 

Por Giselle Stefanelli de Lima


SER CORUJA



Disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=PrffuqEezTI&feature=related>.
Acesso em: 18/10/2011.


Ser Pedagogo é muito mais que tecer belas histórias, pois é dar vida a quem sonha, passar para a realidade o que anda colorindo os pensamentos.


Por Giselle Stefanelli de Lima