Disponpivel em: <http://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM>. Acesso em: 20/11/11.
Documentário: Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá,
produzido pelo cineasta brasileiro Sílvio Tendler, em 2006.
Globalitarismo desumanizante
Por Giselle Stefanelli de Lima
O que torna intrigante no documentário é saber da veracidade e atualidade de assuntos que ainda não foram “cicatrizados” na sociedade. Falar sobre o mundo que se vive hoje nos leva a remeter às cenas já passadas em outros tempos e contextos históricos que ainda se fazem muito presentes. A ferida encontra-se aberta sujeita a todo tipo de contaminação e infecção, as pessoais estão sujeitas a todo tipo de opressão.
O que muda são apenas os nomes mais “atualizados”, ou seja, não se fala mais de nazismo, fascismo..., mas se fala do “globalitarismo” que segundo Milton Santos é uma forma de apresentação de totalitarismo que como todas as outras formas “asfixiadoras” encontra-se com os seus dias contados para uma sociedade em rumo ao popular.
Hoje não se vê democracia de fato e a cidadania é utopia por enquanto, afinal não há espaço para a maioria da população brasileira nem se quer para garantir o suprimento de fatores básicos para vida, ou seja, comida, bebida, moradia, emprego, lazer, saúde, educação, segurança etc. Há uma paralisação na vida em sociedade.
A globalização como falam, como é e como pode vir a ser forma uma tríade interessante, o que mais se vê é uma globalização como consumo e o vir a ser ainda é um desafio. A ganância corrompe os direitos humanos, pois não combina com a distribuição, pois busca só para si nem sempre dando valor ao outro ser que tem os mesmos direitos. A ganância não “educada” no homem desenrola-se para uma condição crônica de difícil tratamento.
A privatização excessiva e “selvagem” reflete um ser egoísta ou pseudosolidário, sendo que esta condição absorve o reflexo da democracia. A maior parte da população ainda continua sendo invisível. O que é absurdo. A lógica financeira não tem nada haver com a solidariedade, pois na lógica o capital busca “semear e logo colher pronto” e o social busca “semear com esperança” frutos repletos de dignidade adubando-os com cidadania.
Hoje muito escuto e vejo pesquisas na área de Qualidade de Vida (QV), fui até convidada a participar de duas, porém acredito ser sem sentido mostrar o que já é óbvio. Na primeira vez me convidaram para iniciação científica, para eu iniciar como pesquisadora, em outra pesquisa do mesmo assunto outra pessoa me convidou para eu fazer parte da coleta de dados com inúmeras outras pessoas, aceitei e respondi ao questionário, ajudar não faz mal, o mal é que o resultado eu já sei qual vai ser. Grande pesquisa! Muitas vezes estes estudos são “ignorantes”, afinal não precisa fazer pesquisa quantitativa para enxergar o que já está na ponta do nariz. Quantificar não resolve o problema, deve-se agir. Muitos tentam anestesiar a pobreza, anestesiar a concorrência, anestesiar a desumanização, anestesiar a morte utilizando como fármaco o dinheiro e o status. Isto não resolve nada, apenas atrasa os bons resultados, proporcionando um efeito analgésico para a dor crônica, porém não cura o câncer e ele continua crescendo na sociedade.
Muitas vezes percebo que estes estudos são feitos para os pesquisadores conseguirem o título de Doutor(a), ou seja, o grau de doutorado. Realmente se tantos fazem, deve ser devido à falta de Qualidade de Vida, aplicam questionário, pegam alguns autores, fazem tabelas e "provam": não há Qualidade de Vida. Que descoberta! Que nível a Educação está! Agora para ser Doutor(a) ficou mais fácil, afinal muitos querem fazer na mesma área, a mesma "coisa", pensava que para ser Dr. e PhD tivesse que ter uma ideia mirabolante! O que muda é o grupo da "coleta de dados", mas o questionário é o mesmo. Estranho não ver muitos negros e indígenas pesquisadores, qual será o motivo, ou melhor, quais são os motivos? Eles fazem parte da "coleta" de dados? Ignorância "branca" com QI esdrúxulo.
Conclui com as minhas observações que só existe prisão devido existir ladrão, bandido, sequestrador, estuprador, corruptos etc; assim como só inventaram o questionário para QV devido ela não existir, isto já foi provado. Agora as minorias fartas que acham que possuem QV não enxergam que também são vítimas do sistema, algo acaba as cegando, as anestesiando, porém caso de um dia para a noite perdam tudo, muitos podem ficar perdidos, pois quem muito tem quando perde nem sempre sabe lidar com a cegueira da sociedade contemporânea, afinal o luxo ofusca a realidade excludente do capital. Como seria agradável a humanização do capital!
Deve-se ter esperança. Chegará uma hora que este sistema capitalista será insuportável e isto já está com pontos de manifestação. A melhor arma não é usar da violência, mas da manifestação que foca-se diretamente na mente humana. Os oprimidos já estão cansados de viver nesta condição geopolítica e econômica como sendo resumidos praticamente ao “nada”. O mundo se continuar assim será consumido por falências, mas ainda há esperança e para alguns o milagre.
Acredito ser muito fácil ignorar o invisível, porém ignorar o que é visível, ou seja, as pessoas e tudo o que a cercam, é no mínimo tolice e burrice. O Estado deve intervir na busca do equilíbrio para aniquilar a desigualdade, democratizando o capitalismo. Parece utopia e ainda o é. Quando isto mudará? Ninguém sabe, mas a história é dinâmica e ela tomará conta disso, pois quem faz história são os indivíduos e estes vivem em sociedade que juntos modificam mais cedo ou mais tarde um contexto histórico, geográfico, geopolítico, econômico, social e cultural.
Por fim, vivemos em um contexto certamente sombrio, a vida para muitos é doentia, porém há pessoas que lutam pela cura desta falta de consideração pela existência na Terra. É uma incongruência pensar que a Terra possa ser um dos únicos planetas com condições favoráveis para garantir a vida e que os que nela vivem muitas vezes querem extinguir sua manifestação e o pior até mesmo conscientemente. Neste caso não vive uma evolução, mas sim uma involução.
Este é o meu ponto de vista com relação ao documentário de Milton Santos, sendo a esperança como dizem a última que morre. A alfabetização geográfica neste contexto pode estar envolvida quando se busca contribuir para uma construção “crítica”, ou seja, ativa de uma sociedade mais coerente com a existência que ainda está presente e que ainda não foi totalmente extinta. A educação geográfica engloba diferentes contextos sociais que devem ser levados em conta na luta em favor de uma realidade geográfica compatível com a vida em nosso planeta onde ascensos e descensos fazem parte de nosso dinamismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário