Por Fabiana Marques de Aquino
Estimular os educandos a se tornarem cidadãos letrados exige da função docente e escolar uma ação consciente de suas funções e que propicie um espaço democrático, onde o processo educativo aconteça de maneira significativa, sendo que por vezes isto pode ser uma tarefa difícil e trilhar este caminho pode apresentar conflitos, pois não há uma direção unilateral, são inúmeras vidas diferentes, e sim diversas possibilidades. Com isto pode-se pensar em atividades de leitura como uma destas possibilidades, pois trabalhar a leitura de forma significativa com os educandos é como direcioná-los para uma posição crítica do mundo ao qual vivem e assim o educador e a escola ganham uma postura estimuladora iniciando um processo educativo que tenha importância e sentido para os estudantes.
Uma etapa indispensável deste processo é a aproximação do educador dos educandos para que assim possa conhecê-los melhor e descobrir seus anseios e motivações, esta etapa é fundamental, afinal, não se adquiri o prazer pela leitura com “um passe de mágica”, mas se adquiri através de um processo, o educador, por exemplo, deve estar próximo para saber qual livro pode interessar mais a um do que a outro. A leitura faz parte do processo de alfabetização, por isso oferecer às crianças formas de se interessarem pela leitura e tirarem opiniões reflexivas da mesma, dando sentido ao que é lido, é fundamental para o letramento, é preciso ler além das palavras e linhas e esta habilidade deve ser cultivada desde cedo. A escola tem a função de estimular o nascimento de cidadãos letrados, críticos, reflexivos, autônomos, respeitosos e conscientes de suas ações.
Com isto pensar em uma educação que tenha sentido aos educandos é antes de tudo respeitá-los, alfabetizando-os por meio de suas realidades particulares e coletivas, podendo neste último caso, fazer uma atividade que levante várias leituras diferentes mostrando a diversidade de identidades presentes em sala de aula. Organizar uma atividade que tenha como ponto de partida apresentar a realidade dos educandos, além de mostrar a diversidade, ajuda os estudantes a refletirem sobre outros pontos de vistas, dessa forma estimulando o respeito mútuo, propicia o pensar autônomo e a criticidade, tendo a possibilidade dos estudantes trocarem informações de trechos de livros enriquecendo seus vocabulários. O letramento segue a alfabetização e deve fazer parte do cotidiano escolar, não se pode resumi-la nas aulas de língua portuguesa, pois dentro de outras áreas também são necessárias a interpretação e o aprofundamento do que é lido e analisado.
A escola deve ser um espaço que cultive perpetuamente a aprendizagem significativa e que respeite as individualidades e ritmos individuais, um espaço com um ambiente rico em aprendizagens que vão além da alfabetização e caminhem para o letramento, estimulando dentro deste processo o imaginário e a criticidade autônoma dos educandos, os preparando para a vida para além dos muros da escola. A cidadania deve ser estimulada desde a tenra idade e o letramento propicia a abertura de opiniões e visões. Está mais que na hora da escola reviver a função social que exerce, não mais reprodutora de conteúdos sem sentido, mas que possibilite uma consciência de mundo, pensar assim é pensar em uma educação inclusiva que busca a harmonia em um mundo tão deturpado. A escola pode e deve ser um dos percursos a ser percorrido para um mundo melhor, construindo junto com os estudantes a consciência de cidadania por meio do letramento, pois conscientizar é incluir os educandos em suas responsabilidades como cidadãos, para assim, fazerem escolhas na vida de maneira autônoma a partir da leitura de mundo.
Acesso em: 14/10/11.
REFERÊNCIA
Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 148 p.
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